A década das startups e a open innovation no Brasil
O ecossistema de inovação e o cenário de negócios brasileiro
O ano se inicia com algumas marcas extremamente relevantes no nosso ecossistema de inovação brasileiro. Segundo dados coletados pela 100 Open Startups, temos cerca de 10.000 startups ativas no país. São quase 100 aceleradoras, grupos de anjo e fundos de investimento em startups atuando no território brasileiro.
Cenário de negócios
Ao longo de 2019, foram registradas pela comunidade de venture, investidores e mídia especializada pouco mais de 250 rodadas de investimento na modalidade de venture capital, totalizando um volume próximo de R$ 9 bilhões.
De acordo com o Crunchbase, também em 2019, o Brasil foi o país com o terceiro maior número de startups “unicórnios” no mundo, com cinco novos integrantes ao clube.
Além disso, ainda segundo os dados da 100 OS tivemos mais de 1.000 startups que registraram terem feito negócios com grandes corporações no ano passado, espalhadas em mais 100 municípios do País. Foram contabilizadas mais de 200 grandes empresas com programas de open innovation ativos no país, que, juntos, lançaram cerca de 500 oportunidades de negócios para startups.
Enquanto o país vivia uma barulhenta conturbação política e econômica, com direito a impeachment e seriado na Netflix sobre a Operação Lava Jato, de maneira muito menos noticiada, um sólido movimento de empresas com foco em tecnologia e rápido crescimento emergiu na última década.
Hoje, podemos afirmar que existe uma massa crítica de empreendedores digitais brasileiros cada vez mais maduros, capital para investimento, volume considerável de oportunidades de negócios em inovação no mercado corporativo, além de um mercado consumidor ávido por inovação.
Ecossistema de inovação
Um exemplo emblemático da maturidade e integração do ecossistema de inovação no país é o desenvolvimento do Banco Neon.
Em 2016, ainda sob o nome Controly, a startup que veio a dar origem ao banco foi classificada no Ranking Top 100 OS de 2016, com cinco pontos em metodologia que mede a quantidade e intensidade de relacionamento com o mercado corporativo.
Em 2019, logo após captar R$ 400 milhões de investimento do Banco Votorantim e do fundo americano General Atlantic, o Banco Neon anunciou a aquisição da startup MeiFácil, fundada por um ex-executivo do Itaú Unibanco e recém-classificado no Ranking Top 100 OS com 93 pontos.
Somente em janeiro de 2020, a 100 OS registrou mais de 300 novos cadastros de novas empresas na sua plataforma, mapeou 14 investimentos e cinco aquisições de startups por empresas maiores. Inclusive, com direito ao anúncio da Loft como o primeiro unicórnio do ano, e a aquisição da Hekima, startup de destaque do Ranking Top 100 OS de 2018, pela iFood, conhecida no mercado por ter feito diversas aquisições de outros novos negócios.
Futuros empreendedores e novos investidores
O movimento de startups digitais ganhou corpo e se espalhou pelo país. Centenas de novas entrantes surgem a cada mês e dezenas de startups captam investimento de fundos e grupos de investidores-anjos. Empresas tradicionais contam, cada vez mais, com o contingente de startups para seu próprio processo de inovação e transformação digital.
Segundo dados do IBGE, temos cerca de 12.000 empresas com mais de 250 funcionários no país, e menos de 100 startups ativas que atingiram esse patamar. Nos próximos dez anos, entretanto, não será surpresa se as startups que estão nascendo hoje formarem a maior parte desse grupo de médias e grandes empresas.
Compartilhando dessa mesma crença, e frente a um contexto econômico de baixos juros, centenas de empresários tradicionais têm adentrado no ecossistema de startups no papel de investidores-anjo. Lançado durante o Whow! Festival de 2019, o programa 100 Open Angels, braço de investimento da 100 OS, registrou a intenção de investimento de R$ 140 milhões de cerca de 300 investidores-anjo nas startups do Ranking Top 100 Open Startups.
Frente a estas sinalizações e cenário atual, podemos destacar – talvez como a principal tendência da década das startups – a formação de um contingente volumoso de startups fundadas por profissionais experientes, bem conectados com o mundo corporativo e suportada por redes de investidores-anjo, em geral empresários bem sucedidos e cada vez mais experientes na atividade de investidores.