A importância da gestão do ecossistema de inovação em tempos de Covid-19
Fica evidente que temos centenas de consultores, startups digitais e empresas estabelecidas em tecnologias da informação para responder às demandas de transformação digital
Antes mesmo da pandemia de Covid-19 colocar em alerta governos e populações de todo o mundo, vínhamos passando por um crescimento do uso da inovação aberta, como forma das empresas manterem as suas posições de liderança, vantagens competitivas, capacidades de inovar e tudo mais que definem as suas gestões estratégicas.
Diante da situação atual, isso tudo está sendo posto à prova. Em um momento de alto nível de incerteza, de um cenário impossível de ser previsto e de uma mudança radical nos ambientes de negócio, fica mais exposta, clara e evidente a importância, para as empresas, de seus ecossistemas de inovação.
Problemas urgentes, como a adaptação ao trabalho remoto, geraram uma necessidade imediata de empresas acionarem parceiros e fornecedores para saber quem poderia ajudá-las nessa transição. Raras foram as empresas que já tinham as tecnologias internamente para a gestão em home office de suas equipes. Em geral, todas as grandes empresas conseguiram se adaptar em questão de dias e colocar forças de trabalho com centenas ou milhares de pessoas em um formato totalmente novo de gestão. Elas mesmas ficaram impressionadas com a velocidade com que fizeram isso. Mas como elas conseguiram?
Adaptação no modelo de gestão
Isso foi possível porque havia dezenas de alternativas no mercado, muitas delas já testadas em escala menor. Existiam, em suas redes, relacionamentos estabelecidos com consultores e especialistas em home office, que ajudaram a responder a essa demanda quase que imediatamente, pois já estavam prontos para isso. Em outras palavras, tínhamos um ecossistema de inovação disponível, com tecnologia e conhecimento para gerir o trabalho remoto. Essa competência e essa capacidade estavam presentes na quase totalidade dos ecossistemas empresariais.
Entretanto, surgiram outros temas de necessidade similar ou até mais urgente. Por exemplo: com o confinamento de seus clientes, varejistas e comerciantes não têm mais como vender seus produtos em lojas e estabelecimentos físicos. Para que esses empresários se mantivessem operando, o ecossistema com soluções de delivery ou comercio eletrônico conseguiu atender parte dessa demanda quase que imediatamente. Soluções como Rappi, iFood e Loggi, e plataformas de comércio eletrônico, como Lojas Americanas, Magazine Luiza, Mercado Livre, Amazon, entre outros, já estavam maduros para absorver essa nova demanda.
Instituições acostumadas a prestar serviços presencialmente, como escolas, clínicas de saúde e academias de ginástica, encontraram, em plataformas de ensino a distância, telemedicina e aplicativos, formas de continuar a prestar seus serviços por meios digitais. Essas empresas, ao demandarem esses novos caminhos e novas possibilidades, também se depararam com um ecossistema extremamente maduro.
Empresas que combinavam marketing por meios físicos e vendas presenciais a partir de eventos passam a demandar muito mais de soluções de marketing digital, e-commerce e meios de pagamentos digitais. Outro exemplo de soluções que as empresas encontraram em um ecossistema bem estabelecido no mercado.
Evolução da transformação digital
Em outras palavras, considerando a abrangência do tema “transformação digital” como um todo, acelerado bruscamente pela pandemia da Covid-19, vemos uma resposta positiva do ecossistema para as empresas com suas demandas. Algumas empresas mais avançadas no processo de transformação digital tiveram respostas mais rápidas, enquanto outras ainda estão nesse processo. Porém, existe, em geral, uma capacidade do ecossistema de inovação em soluções digitais de atender os diferentes níveis de maturidade das empresas.
“Ou seja, neste momento, fica evidente que temos centenas de consultores, startups digitais e empresas estabelecidas em tecnologias da informação para responder às demandas de transformação digital de forma imediata”
Daí em diante, podemos buscar exemplos mais específicos, a depender de cada setor e cada empresa, com novas demandas de inovação que demandam do ecossistema soluções para os impactos causados pela pandemia. Ou seja, em uma crise dessa proporção, vemos muito claramente como as empresas dependem de seus ecossistemas de inovação.
Já para temas novos, para os quais ainda não há um ecossistema amadurecido, as soluções vão levar mais tempo. As empresas estão, portanto, descobrindo e percebendo claramente onde o ecossistema em que está imerso é mais ou menos maduro, e onde elas podem contar mais ou menos com ele. Isso traz à tona a importância da gestão de ecossistemas de inovação e deixa evidente que quem está imerso nos mais frutíferos consegue responder melhor às demandas de inovação.