Redes colaborativas e open innovation

Mais do que receber feedbacks de seus consumidores e de outras pessoas, diversas corporações têm demonstrado sucesso na interação com redes colaborativas e open innovation.

A open innovation é elemento fundamental para a competitividade e, consequentemente, para a sobrevivência das corporações, que enfrentam diversos tipos de desafios, como: introduzir produtos, serviços e ideias inovadoras em um mundo que se transforma com uma velocidade cada vez maior.

Essa necessidade de inovação traz, também, o desafio de gerar valor de maneira mais rápida para aproveitar as oportunidades de mercado. O problema é que, por vezes, essa velocidade acaba por cegar as corporações quanto a certas demandas de mercado que exigiriam um processo de criação diferenciado. Impõe-se, assim, uma limitação para o surgimento da inovação disruptiva – aquela que, mais que melhorar produtos ou processos já existentes, traz algo totalmente novo para o mercado, podendo inclusive mudar os rumos de um setor. Como consequência, temos um elevado grau de inovação incremental, cujos resultados discretos alimentam esse ciclo vicioso.

Nesse contexto, mais que receber feedbacks de seus consumidores e de outras pessoas, diversas corporações têm demonstrado sucesso na interação com redes colaborativas no processo de open innovation. Em um primeiro nível de maturidade, corporações estão buscando, em programas de ideias, o aumento do espectro de possibilidades de demandas e soluções técnicas. 

Como criar uma rede colaborativa de open innovation

Embora existam redes sociais em torno de marcas, produtos e serviços, essas não estão direcionadas em torno dos desafios de inovação das empresas. Para tal, faz-se necessário ativar e moderar uma rede colaborativa, que precisa, necessariamente, conter pessoas e líderes capacitados que estão empenhados em abordar a open innovation de forma ampla, de forma descentralizada. 

É importante que a corporação construa uma cultura de inovação forte. Por meio dela, as pessoas que fazem parte dessa corporação poderão trazer ideias inovadoras, agregando valor a partir do relacionamento com agentes externos, como startups. 

No momento em que a corporação tiver times e pessoas dedicadas aos processos de open innovation, uma quantidade massiva de novas pessoas, do âmbito interno e externo, além de ideias e interações, surgirão. Nesse momento, é preciso elaborar processos colaborativos, métodos de criação, regras e regulamentos bem estabelecidos e comunicados, e uma plataforma virtual que permita a colaboração entre os participantes da rede e da corporação. 

Programas de ideias e desafios são especialmente interessantes quando se deseja um rápido engajamento em torno de um tema específico, ativando a criatividade dos participantes da rede colaborativa. O desafio é o elemento motivador que serve também para mobilizar pessoas que não necessariamente estariam envolvidas na resolução de um problema em torno de um assunto de interesse comum. Uma vez estabelecida a rede, os participantes trabalham com contribuições de ideias, estratégias ou qualquer que seja o problema postulado, em prol dos desafios da corporação.

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Construindo um programa de ideias e desafios 

A construção de um programa de ideias e desafios passa por duas fases de estruturação: a de rede e a de processos. Na estruturação da rede, é identificado o público de interesse, a análise dos motivadores para engajamento da rede, além do estudo de modelos de recompensa e premiação. É importante que a rede seja qualificada nesse momento: públicos diferentes exigem abordagens personalizadas. 

Na estruturação de processos, são elaboradas as etapas divergentes (criação de ideias) e convergentes (escolha das melhores ideias), e arquitetadas as formas de autorregulação do processo. Também é nessa etapa que são envolvidos os participantes internos e externos e definidos os critérios para a tomada de decisão.

Na ativação da rede, é importante que os colaboradores participem e que sejam adotadas estratégias de divulgação efetivas e presenciais, mesmo que a plataforma colaborativa seja virtual. 

A moderação e a animação da rede são fatores essenciais para que a execução atinja os objetivos propostos. É preciso que existam moderadores que deem dicas e sugestões, orientem e corrijam eventuais erros. 

Também, para que todo o processo seja potencializado, o método e as ferramentas usadas devem permitir a sistematização do processo estruturado, de maneira flexível e ágil. A implantação de uma plataforma virtual deve permitir, essencialmente, a colaboração a qualquer momento, de qualquer lugar, para a captura de ideias, a avaliação pela comunidade e dos julgadores e um conjunto de métricas para avaliar a produção e fornecer dados para a gestão. Todo o processo termina com a revisão e a discussão das lições aprendidas.

As plataformas colaborativas permitem às empresas utilizar uma rede para cocriar, trazer informações e valores de fora para que os produtos avancem em consonância com as demandas dos consumidores. Ao migrar de uma maneira de trabalhar estruturada em departamentos para uma baseada nas redes de colaboração, a corporação tem a possibilidade de se inserir no mercado de maneira moderna e competitiva. 

O programa de ideias e desafios representa uma mudança de cultura na qual o papel da corporação é descobrir os valores existentes nas redes colaborativas, e orquestrar a inovação com os recursos internos. Entretanto, esse processo não é, necessariamente, uma novidade. A cultura de redes de colaboração já existe, cabe às corporações decidirem se irão se inserir ou não.

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