Capacitação: como a Dexco se relaciona com startups
Há mais de 70 anos no mercado, a Dexco tem focado na capacitação e conexão com startups para acelerar seus processos frente ao ecossistema de inovação
A Dexco, presente no mercado desde 1950, iniciou sua trajetória a partir de uma oportunidade inovadora: a fabricação de chapas de fibra de madeira. Nas décadas seguintes, a corporação permaneceu com espírito inovador, empreendendo de forma criativa e crescendo de forma exponencial. Em 2021, a então Duratex se tornou Dexco, uma mudança de marca que veio reforçar o propósito de modernidade e aproximação com o consumidor. Hoje, a corporação possui cerca de 14 mil colaboradores e está presente em diversos estados no Brasil e também na Colômbia.
Para entender como a Dexco se relaciona com startups, conversamos com Renato Xavier de Lima, Especialista em Inovação Corporativa, e com Carolina Araripe, Coordenadora de Inovação, ambos do time de inovação da Dexco. Confira:
Open Dexco e os Desafios da Inovação Aberta
A jornada de open innovation da corporação iniciou-se em 2017, com o lançamento do Programa Garagem Duratex, iniciativa com foco em scale-ups. Com as vivências anteriores e após uma série de diagnósticos, a Dexco estruturou um novo programa, o Open Dexco, que visa trabalhar três pontos: a identificação de dores e oportunidades relevantes; o desenvolvimento da cultura de inovação; e a execução de projetos inovadores.
No processo de criação do Open Dexco, foram identificados diversos desafios para a implementação de uma cultura inovadora forte e escalável. Um deles é capturar e entregar valores, em conjunto com as startups, que sejam perceptíveis para as áreas de negócio. Porém, alinhado a este desafio, está também a geração de valores estratégicos, que visam disseminar a cultura de inovação dentro da corporação.
A falta de difusão sobre o que é open innovation e qual o papel que as startups assumem no ecossistema de inovação ainda é uma barreira para demonstrar o valor estratégico que essas parcerias representam. Sendo essa outra grande preocupação da corporação. Porém, a solução para esse ponto já foi esclarecida: a capacitação. Segundo Renato, é necessário capacitar pessoas para que a corporação trabalhe com startups de forma a solucionar o primeiro desafio: a geração de valor.
Para suprir esses desafios, a Dexco aderiu ao Programa 100-10-1 Startups, programa de capacitação em rede criado pela 100 Open Startups e que engloba o Movimento Cultura Aberta para Inovação. A capacitação é ponto chave para a solução das dores, afirma Renato. Além disso, a corporação implementou uma “fórmula da inovação”, trabalhada internamente e que complementa as estratégias inovadoras:
Por que se capacitar em Open Innovation?
Para a corporação, um ponto-chave para a consolidação das estratégias de open innovation é um time de colaboradores capacitados, engajados e empoderados, já que, uma vez capacitados, os times terão um olhar prático sobre a open innovation, tendo liberdade para desenvolverem novos projetos. Segundo Renato, “é necessário educar para soltar as mãos, para que as áreas entrem nos processos de forma autônoma”. “O início é a educação, e o resultado é a vivência”, complementa Carolina.
O objetivo da capacitação de demais lideranças é prover ferramentas para que as áreas enxerguem oportunidades. A área de inovação deve ser vista como facilitadora, e não como uma área que precisa expandir a open innovation de forma isolada, afirma Renato. Com o Programa 100-10-1 Startups, a Dexco pretende englobar novas áreas e lideranças nesse processo, como as áreas de suprimentos, controles internos, logística e design de produtos.
Relação ganha-ganha
Em universos diferentes, startups e corporações possuem processos e realidades distintas, e a capacitação contribui para que ambas as pontas sejam unidas.
De um lado, a corporação, que desenvolve um olhar mais analítico sobre o que é mais importante na conexão com startups. Por exemplo, como avaliar bem e de forma construtiva uma startup, como avaliar um pitch, como realizar uma mentoria e como identificar os melhores fits para o momento. Além disso, a conexão permite uma expansão de visão em relação ao que há de novo no mercado, permitindo que os envolvidos nos processos de inovação não fiquem presos às rotinas da corporação. É preciso olhar para fora!
Por outro lado, as startups recebem contribuições e feedbacks dos executivos e têm a possibilidade de aprenderem sobre rotinas, processos e particularidades da empresa, podendo alinhar suas apresentações e refinar seus processos de abordagem.
Para a consolidação da open innovation é preciso que startups e corporações estejam na mesma página, ou seja, que ambas possam entender seus respectivos processos e, juntas, alinhar expectativas para a implementação de soluções. Para Carolina, esse processo se chama “olhar empático”.
Assim, a visão de ganho mútuo deve estar sempre presente quando falamos de open innovation, e a capacitação em rede é a chave para alcançar esse objetivo.
Como implementar a open innovation dentro da sua corporação
Separamos cinco dicas dadas por Renato e Carolina que, segundo eles, contribuíram para a implementação da jornada de open innovation dentro da Dexco.
1. Alinhamento e entendimento corporativo
O primeiro passo para estabelecer a open innovation dentro da sua corporação é ter um entendimento, principalmente com as altas lideranças, do que se espera da área de inovação. Alinhar expectativas contribuirá para o desdobramento de iniciativas e projetos.
2. Momento da corporação no ecossistema de inovação
Alinhados os “porquês” de se trabalhar com a open innovation, é importante entender em qual momento a corporação está no ecossistema de inovação. “Não adianta desenhar o processo mais robusto se a corporação não estiver preparada”, afirma Carolina. Além disso, um time engajado com a ideia fará toda a diferença.
3. Alinhamento de Processos e Estratégias
Principal ponto para iniciar as suas conexões, o alinhamento de quais processos serão adotados e as estratégias implementadas são diferenciais para a consolidação da área de inovação. Alguns exemplos de questionamentos iniciais: como acontece o processo de conexão com startups? Quais são os objetivos de realizar conexões? Como será a execução dos processos de open innovation com startups? Qual o nível ideal de maturidade das startups para o negócio?
4. Investir em comunicação
A comunicação é elemento primordial em qualquer relação, não é mesmo? Para se trabalhar com open innovation, não é diferente. Relacionar-se com o ecossistema de inovação e entender como ele funciona fará total diferença na consolidação da sua área de inovação. Levar o conhecimento sobre o que é open innovation, com visão multiplicadora e de forma ativa, permitirá um engajamento maior das lideranças e dos demais envolvidos. É importante chamar as pessoas para perto.
5. Garantir que o conceito de open innovation seja trabalhado corretamente
A capacitação em open innovation é fundamental para que todos os pontos acima sejam aplicados corretamente, gerando valor para as conexões, que vão refletir interna e externamente. É preciso ter em mente a força educacional presente nas relações de open innovation e como a capacitação gera um maior nível de amadurecimento frente ao ecossistema de inovação.